George Orwell e as Galinhas
Estava eu, lendo um livro, quando de repente me deu uma vontade avassaladora de comer o frango que estava pronto para o jantar. Fui até a cozinha sorrateiramente, avistei-o no forno, peguei um pedacinho e coloquei no microondas. Esquentou cerca de vinte segundos, o frango tinha um molho de milho ou alguma coisa com sabor próximo a isso, levei-o a boca.
Logo na terceira ou quarta mordida o frango deu um pequeno estalo, isso mesmo ele explodiu. Será que ele estava vivo? Será que George Orwell tinha razão na sua revolução? Ah! Não os literatos nunca tem razão, são um monte de malucos po! Mas porque a droga do frango tinha se manifestado? Nunca tinha pensado que um pedaço de frango poderia me levar a uma reflexão filosófica, foi um momento tão mágico, algo tão introspectivo, mas que durou apenas um minuto. Não é que a droga do frango queimou minha boca? Como pode? Tamanha desavença. Morto, cozido, ao molho de milho e me faz uma sacanagem dessas? Pensei comigo, talvez esse frango devesse ser mais digno de viver do que muitos animais de outras estirpes, tais como os humanos. Animais que se ficam uma hora na fila do Miguel Couto pra serem atendidos reclamam veementemente, mas que se a mesma fila durar sete horas e for para comprar o ingresso pro jogo do fla-flu. Ah! Aí não tem problema, afinal eu também sou filho de Deus, né!
Depois de toda essa filosofia de cozinha, eu cheguei a uma conclusão. O meu lábio queimado eu posso cuidar; George Orwell tem sim, todas as razões do mundo; e quanto as galinhas? Bom, as galinhas, eu não como mais.
Texto desengavetado por Alex Mendes