fevereiro 15, 2008

Um post para maio


Era para ser um ano comum. Ninguém poderia prever que seria diferente. Mas 1968 começou com uma certa agitação no ar. Já tínhamos Sartre, Levi-Strauss, Foucault, Lacan e Barthes sendo discutidos nas universidades. Num instante, bum!, o furacão juvenil virou todo o país de pernas pro ar. Aqueles jovens queriam o que afinal? Na época ninguém sabia ao certo. Estavam descontentes e isso já era o bastante. Nos muros o alerta: Cours camarade, le vieux monde est derrière toi!
Se frustração e faltas de perspectivas podem motivar novos sessenta e oitos, teremos mais um ano conturbado. No filme Le pornographe (O pornógrafo, 2001) de Bertrand Bonello, os personagens acreditam que havia certo romantismo quando as pessoas iam às ruas em 68. A imaginação podia chegar ao poder. Os jovens recusavam a sociedade tal como era, os velhos símbolos, o trabalho. Hoje, protestamos pelo contrário: para trabalhar, ser reconhecido pela sociedade. É uma ironia terrível.
O filme não é sobre maio de 68. Jacques Laurent, interpretado pelo genial Jean-Pierre Léaud (Os Incompreendidos, Beijos Roubados, Noite Americana e mais uma caralhada), é um antigo diretor de filmes pornográficos dos anos 60 e 70. Por questões financeiras, retorna aos sets de filmagem e percebe, apesar de não compreender, como a indústria pornô mudou. Com problemas de relacionamento com seu filho, o velho pornógrafo ainda sustenta utopias bambas e parece não mais entender o mundo. O conflito de gerações é mais do que mero recurso dramático; é um comentário histórico. Então, de certa forma, o filme relaciona o nosso tempo com a velha geração de 1968? Bem, eu não vou me contradizer na frente de todo mundo.

A pornstar Ovidie também está no filme.
Fazendo o quê?
Você sabe.