dezembro 30, 2006

“Ai, meu amorzinho, queridinho, lindinho, docinho, coelhinho...”


Affe. Esse clima melancólico está me dando náuseas...
Ninguém vai escrever nada divertido para animar esses pobres coraçõezinhos calejados?
Uhm... deixa eu ver se eu tiro um número do bolso... o que poderia dar ao amor um caráter cômico? Já sei!
Apelidos...
Por que cargas d’ água os casais se dão apelidos? E mais. Por que diabos isso é divulgado em público? (tudo bem, eu não estou me excluindo desse nicho, ok?!). Voltamos à mesma questão. Um simples “amor” não basta? Só se for amorzinho, mô, môr, mozão, mozé, mozaço, mozumba... ou, sei lá...depende da criatividade (gostei de mozumba).
Pior que variações de amor são os que cometem o pecado da gula. E eu tenho lá, por acaso, tenho cara de “quindinzinho”, “cajuzinho”, “moranguinho”, “docinho”, “chuchuzinho”...? Acredito que ninguém tenha (Tá, uns “bananinhas” a gente vê por aí).
Antes de ir para os caracterizados como “peculiares”, não posso deixar de registrar os cafonas. Divididos em dois níveis: os “cafonas porque amam” e os “cafonas mesmo sem amar”. Com os “cafonas porque amam” funciona da seguinte forma: o casal nem é cafona, mas, quando acometido pelo cupido, surge uma áurea brega ao seu redor. Alguns exemplos da espécie se reconhecem como “baby”. Agora, ninguém há de superar os cafonas em qualquer situação, com amor ou sem, eles normalmente se referem à mulher como “princesa”. E quando esta é elevada ao status de namorada, aí que o ouvido dói, porque ela vira “paixão”. Paixão????????????? Ah, não... Paixão não dá! Paixão não foi feita pra ser apelido, teoricamente, fofo. Paixão é fugaz...é PAIXÃO! E não, “paixão...passa o sal”.
Sim, eu estava evitando chegando aqui, nos que eu chamo de... uhm...apelidos exóticos, peculiares, com doses de criatividade excessiva. Nesse caso, as variações podem ir de nomes de animais a características físicas. Entenda-se por animais nada de ornitorrinco, cavalo-marinho ou drosophyla melanogaster (mosquinha da banana, para os ignorantes). Mas há quem se chame de “sapinhos”, “coelhinhos”, “zebrinha” e sei lá mais o quê (acho que eu daria um bom bicho preguiça).
Para os ousados, temos a sugestão do nosso ritmo nacional, onde “cachorra” e “tigrão” são os mais badalados. Que bonito seria: “mãe, o meu tigrão vem almoçar aqui em casa” ou “pai, avisa pra minha cachorra que eu ligo quando chegar”. Os pronomes possessivos combinam com essas gírias do funk, essa coisa selvagem, erótica... Enfim. Das características físicas podem variar de temas pejorativos, como “gordo” (quem usaria isso?) a exaltação do ser amado, como “gostosa” (sempre bom).
Pior do que os apelidos... só as vozes. Infelizmente, isso é incapaz de ser reproduzido, até porque não se dividem em categorias são todas manhosas com ar de imbecilidade. Como uma coisa tão idiota como o amor pode causar esses tormentos vistos abaixo? Somos todos uns otários.

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Texto desengavetado por Flavia Boabaid

Eu sei que vou te amar


Por toda a minha vida eu vou te amar
A cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Pra te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que essa ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida


(Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes)


É. Vinicius foi o poeta que mais utilizou do amor na musica e na prática. Abusou de curtir a vida, e depois, que foi cantar do outro lado do muro calou-se. E hoje, vemos em seu documentário milhares de ex-mulheres, namoradas e amantes.
Neste caso, adianto o chopp da Flavia: Evitar a paixão? Por quê? É uma das coisas mais deliciosas da vida. Tenho algumas provas que só serão consumadas quando surgir um sorriso de vocês em alguma dessas frases abaixo;

Para as meninas:

- “Com que roupa eu vou?” ( em todos os encontros)
- “Preciso me depilar “ ( em todos os encontros)
- “Ele bebe muito ? “ ( pergunta de mãe pra filha)
- “Porque ele não liga?” ( pergunta de todas as mulheres)
- “Não vou dar no 1°encontro” ( decisão universal)
- “Hoje estou ovulando, vou fingir que não estou em casa” ( Método anticoncepcional)
- “Quem será aquela “amiguinha” dele ?” ( aquelas fofas-hiper-super que adoram abraçar, beijar o cara)
- “Tenho que fazer dieta para o vestido de noiva” ( pensamento do 1° mês de namoro)
- “Hoje não, amor”. ( depois de lembrar que está vestida com uma calcinha horrível)
- “Amiga? Ele me mandou flores depois da briga de ontem. Não é um fofo?” ( de duas em duas semanas)


Para o meninos:

-“ E aí, já comeu ?” ( pergunta universal dos amigos)
- “ Ta fazendo jogo duro” ( resposta universal masculina)
- “ Essa carinha de santa ... não me engana” ( fantasia sexual)
- “Como ela é gostosa” ( quando ela está sorrindo)
- “ Como ela é linda” ( quando ela está discutindo a Al Qaeda)
- “ Que brinco é esse? “( depois de se lembrar de um enfeite de Natal)
- “ Ah não” Calça jeans ?” ( planos para um amasso no banco detrás do carro)
- “ Só caso se ela cozinhar tão bem quanto minha mãe” ( depois de 7 anos de namoro)
- “ Acho que o pai dela não vai com a minha cara” ( pensamento na sala enquanto ela se arruma )
- “Caralho, estou há 3 horas aqui!” ( enquanto ela se arruma)
- “Porque ela não atende?” ( depois da briga já esquecida pelo cérebro masculino)
- “ Vou mandar umas flores, sempre dá certo” ( depois de lembrar da briga de ontem a noite)


Evitar a paixão... Convenci que não é boa idéia ?

dezembro 29, 2006

“Que seja infinito enquanto dure”

Uma resposta a Bel Clark

Andei pensando...Vale a pena?
Vale a pena o rio de lágrimas que você chora hoje? Vale o nó na garganta, o buraco no peito? Vale? Me sinto na obrigação de tentar responder. Ao menos por uma identificação com a história e com o fim dela.
Sem a dor de agora, onde ficam os dias inesquecíveis, as noites inesquecíveis, o pôr do sol, o nascer do sol, o cinema, os jantares, os olhares, os toques... as lembranças? Se não vale a pena pela dor da separação, há de valer por cada momento catalogado na memória. A construção de uma história que não há choro que apague. Não há futuro que deixe de torná-la inesquecível.
Nem menos você, nem menos ele, mais os dois. Mais aquilo que consideram melhor, mais maturidade diante de uma decisão difícil. De um fim não por falta de amor, de admiração... fim pelo fim. Porque ele simplesmente chegou sem avisar, nem pedir licença. Desgaste? Convivência? Diferenças? Não importa como, mas ele atropelou aquilo que os unia. E de que vale o amor que sobra? Basta?
Basta parecer o casal perfeito sob olhares alheios? Basta a intimidade nítida no olhar? Basta o entrosamento? Basta a admiração? Basta o sexo? Basta a diversão juntos, com amigos dele, com os seus, com os de ambos? Basta o álbum de fotografias que construíram juntos? Bastam as viagens, os churrascos, os encontros de família?
Deveria bastar... e por que não basta? Não sei... sei que lá estava o fim, sem explicação, sem um dica sequer. Apenas olhando, acenando e mostrando a que veio. Chegou assim, de mansinho, a fim de fazer acordo. Deveria ser melhor assim, não é? Sem culpa, sem mágoa, sem falta de respeito... E por que dói? Dói pelo fracasso daquilo que tinha tudo para dar certo (e deu! Só não foi eterno). Dói não ter culpado, não ser vítima, não saber o que levou a isso.
E se a racionalidade me permite: não igual, mas outras histórias virão com tais quais momentos inesquecíveis e talvez ou não seguidos por dores maiores ou menores. Já que pela possibilidade do fim não vale a pena, há de valer pelo carinho, pelo respeito, pelo amor... que permanece em outra dosagem, em outra substância e sob o mesmo código.
Agora: (com ligeira grosseria) menos ele e mais nós! E nossas incontáveis conversas de bar sobre o que, de fato, vale a pena. O amor? E tem como evitar? Antes e pior que ele: a paixão. Tem como evitar?
Deixa para o próximo chopp, porque esse, com certeza, vale a pena.

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Texto desengavetado por Flavia Boabaid

dezembro 28, 2006

AH, TÁ. DOR




Dor. Dor. Dor. Dor. Dor. Dor. Dor. Como dizia o Querô: “Puta que pariu dói paca!”.
Uma dor desesperadora me parte ao meio nesse momento. Uma sensação de incerteza, de morte, de vazio me ataca, me estraçalha. Na verdade, é quase um buraco negro. Um buraco bem fundo onde ninguém jamais poderá me resgatar, me ver ou me salvar. Onde ninguém jamais saberá como estou. E o que é mais duro: ter a consciência de que só eu posso me salvar desse buraco. Só eu e mais ninguém.
Por que esses sentimentos existem exatamente para os que amam mais? Será que já não é o bastante sofrer absurdamente por um amor existente? É mesmo necessário sofrer ainda mais quando esse amor termina? Ou melhor, o relacionamento, porque se o amor terminasse não haveria tal sofrimento.
Fico pensando se não seria mais fácil ser menos profunda. Menos intensa. Menos mergulhadora de risco em alto mar. Menos louca. Menos eu. Menos eu? Peraí, menos eu não. Se existe alguma coisa que eu defendo, essa é se amar. E se orgulhar de si mesma.
Descobri. Deveria ser menos ele. Sim, menos ele, afinal de contas, se isso acontecesse eu não estaria aqui chorando que nem uma criança que acabou de ter seu pirulito predileto roubado. Menos ele, menos tudo ele, menos tudo pra ele, menos tudo por ele. Sim, menos ele. Mais eu.
Agora ficou confuso. Terminamos exatamente porque eu comecei a ser muito eu e ele muito ele. Nossas diferenças aumentaram a um nível sufocante, e nossas semelhanças se reduziram a quase nada. É, talvez porque tenhamos nos baseado em um relacionamento sufocante. Quando tentamos voar com nossas próprias asas, descobrimos o quanto somos diferentes, e o quanto não estávamos preparados para tal fase. Não juntos.
Eu, sempre alegre, pra cima, cheia de energia e vida, cá estou. Com o coração apertado, uma dor enorme e uma dúvida constante: quando vou sair dessa? Ai, que bom seria saber a resposta.
Fica no ar uma pergunta, para ser respondida com cautela: O amor compensa a certeza inerente da dor?


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TEXTO DESENGAVETADO POR BEL CLARK