dezembro 28, 2006

AH, TÁ. DOR




Dor. Dor. Dor. Dor. Dor. Dor. Dor. Como dizia o Querô: “Puta que pariu dói paca!”.
Uma dor desesperadora me parte ao meio nesse momento. Uma sensação de incerteza, de morte, de vazio me ataca, me estraçalha. Na verdade, é quase um buraco negro. Um buraco bem fundo onde ninguém jamais poderá me resgatar, me ver ou me salvar. Onde ninguém jamais saberá como estou. E o que é mais duro: ter a consciência de que só eu posso me salvar desse buraco. Só eu e mais ninguém.
Por que esses sentimentos existem exatamente para os que amam mais? Será que já não é o bastante sofrer absurdamente por um amor existente? É mesmo necessário sofrer ainda mais quando esse amor termina? Ou melhor, o relacionamento, porque se o amor terminasse não haveria tal sofrimento.
Fico pensando se não seria mais fácil ser menos profunda. Menos intensa. Menos mergulhadora de risco em alto mar. Menos louca. Menos eu. Menos eu? Peraí, menos eu não. Se existe alguma coisa que eu defendo, essa é se amar. E se orgulhar de si mesma.
Descobri. Deveria ser menos ele. Sim, menos ele, afinal de contas, se isso acontecesse eu não estaria aqui chorando que nem uma criança que acabou de ter seu pirulito predileto roubado. Menos ele, menos tudo ele, menos tudo pra ele, menos tudo por ele. Sim, menos ele. Mais eu.
Agora ficou confuso. Terminamos exatamente porque eu comecei a ser muito eu e ele muito ele. Nossas diferenças aumentaram a um nível sufocante, e nossas semelhanças se reduziram a quase nada. É, talvez porque tenhamos nos baseado em um relacionamento sufocante. Quando tentamos voar com nossas próprias asas, descobrimos o quanto somos diferentes, e o quanto não estávamos preparados para tal fase. Não juntos.
Eu, sempre alegre, pra cima, cheia de energia e vida, cá estou. Com o coração apertado, uma dor enorme e uma dúvida constante: quando vou sair dessa? Ai, que bom seria saber a resposta.
Fica no ar uma pergunta, para ser respondida com cautela: O amor compensa a certeza inerente da dor?


==========================================================================

TEXTO DESENGAVETADO POR BEL CLARK