Chame de obsessão. Chame do que quiser. Eu perseguia um filme há tanto tempo que cheguei a duvidar de sua existência. Não lembrava do nome, nem do diretor, nem de nada. Portanto, o Internet Movie Database não me ajudaria patavinas em obter qualquer informação sobre a película. Entretanto, assisti muitas reprises do filme dentro da minha cabeça. Bastava remoer um pouco minhas lembranças e o filme era projetado novamente e, a cada vez, parecia mais genial e inesquecível. Era quase melhor jamais encontrá-lo de novo. Preferia revisitá-lo eternamente na minha cachola. Besteira! Bastava a sessão terminar, que a necessidade de encontrá-lo voltava a me perturbar. É verdade que me recordei algumas vezes do título do filme – e até compartilhei desse entusiasmo com alguns amigos – mas era só entrar em uma videolocadora ou tentar pesquisar na internet que, como por encanto, o nome desaparecia e eu esquecia-me novamente. Recorri a esses supostos amigos, na esperança que eles guardassem o tão precioso nome, mas os ignorantes diziam também não se lembrar. Mais provavelmente os bastardos nunca prestaram a devida atenção nas minhas palavras. Ou não acreditaram que o filme é, de fato, genial.
Até que aconteceu.
Depois de ler uma versão integral de o Mágico de Oz, de L. Frank Baum, estava à cata de um novo livro e encontrei na minha prateleira Contos Fantásticos do Século XIX, uma antologia organizada pelo italiano Ítalo Calvino. Qual não foi minha surpresa ao perceber que o primeiro "conto" era meu filme! Bem, na verdade era um trecho do livro em que foi baseado meu filme. Mas o importante é que tudo estava lá. Era uma pista, uma prova. O livro chama-se Manuscrit trouvé à Saragosse. E, o filme, também – acho.
No próximo post conto a história e por quê, afinal, esse filme-livro-conto é genial.